A Bosch está em contra-relógio para alterar quase todos os modelos de esquentadores a gás fabricados em Aveiro, de forma a cumprir a nova directiva energética (ErP-EuP) que entra em vigor em Setembro. Ou seja, a linha de produção vai ter de ser reconvertida, no máximo, a partir de Julho para garantir que todos os artigos obedecem aos novos parâmetros relacionados com a emissão de partículas e gases, a eficiência energética ou os níveis sonoros.
Dos 274 milhões de euros de vendas realizadas em 2017 por esta unidade industrial de termotecnologia, 260 milhões foram feitos nos mercados europeus, onde se aplica a legislação. Ao Negócios, o presidente da Bosch Portugal, Carlos Ribas, admitiu que esta reconversão está a exigir “um esforço muito grande na área da inovação”, garantindo, porém, que a fábrica não vai parar. “Estamos em fases de protótipos e de validações. As soluções existem”, detalhou.
O trabalho de adaptação tecnológica, para garantir novas soluções de aquecer a água, está sobretudo nas mãos dos cerca de 80 engenheiros que trabalham num moderno edifício ao lado da fábrica, onde desde o ano passado funciona o centro de competências da multinacional alemã para esta área. Rudiger Saur, o alemão que a partir de Portugal lidera esta unidade de negócios a nível mundial, reconheceu que “o mercado vai mudar um bocadinho com esta legislação que obriga a renovar por completo o portefólio”, mas espera “ser o fornecedor com a gama de mais baixas emissões na Europa”.
Recrutar lusos na Venezuela
A Bosch Portugal não escapa à falta de mão-de-obra especializada na área da engenharia, com Carlos Ribas a admitir que “tem vindo a perder muitos bons colaboradores”, sobretudo para o Norte da Europa. Para suprir esta escassez, a sucursal começou há cerca de três meses a abordar a comunidade portuguesa na Venezuela, sobretudo os luso-descendentes, convidando-os a vir para Portugal. “Por passa-a-palavra”, através de trabalhadores da Bosch que têm família ou já viveram naquele “país [que] está numa situação muito crítica”, com esta iniciativa já conseguiu contratar os dois primeiros engenheiros. Outras fontes de recrutamento no estrangeiro têm sido a Índia e Angola, neste caso por via de um programa da Universidade do Minho com congéneres angolanas.